quinta-feira, 20 de maio de 2010

"Tudo o que está aqui está lá, o que não está aqui não está em lugar nenhum" Vishvasara Tantra

           Textos longos, muitas metáforas, não sou bom em agradar meus leitores... em tempos em que se não houver neon, luzes, roupas escalafobéticas, efeitos especiais e uma dança engraçada é difícil prestar atenção no que os outros dizem por mais de 3 min... eu prefiro permanecer em silêncio, talvez agora alguns dos que me conhecem entendam um pouco mais do meu Silêncio... Sem drama, estou feliz em compartilhar!
Aí está o 3o Capítulo.



CAPÍTULO III

O Encontro

          “Melhor impossível!” - bradou um outro cavaleiro do rei. A situação era desafiadora: a floresta, o castelo, a maldição, dizia o audaz cavaleiro ao rei, que era o momento dos cavalheiros mostrarem seu valor e ocuparem seu lugar na história!
          A empreitada foi monumental! Um exemplo único de organização, método, dedicação e presteza. Rapidamente os cavaleiros recrutaram e treinaram os cidadãos mais dispostos, organizaram o Departamento de Logística, conseguiram os meios e até um patrocínio de uma multinacional. No dia da partida à floresta houve uma cerimônia onde uma trovadora juvenil estimulou a comitiva com um espetáculo de magia e som, que me deixou extremamente desorientado e feliz! Eu estava novamente em estado de alegria e deslumbramento. Mas desta vez, eu iria para a floresta.
         Da mesma forma que o globo luminoso deixava seus cabelos escorregarem na face sinuosa da terra, a empreitada inexorável avançava para a floresta. O objetivo era enfrentar, seja lá o que houvesse naquela floresta, trazer as pedras para o castelo e viver feliz para sempre. Os meios eram abundantes e as estratégias estudadíssimas; a vitória, certa!
          Meu andar altivo me misturava com todos os outros. Mas diferente dos outros, não podia conter minha emoção em ver toda a exuberância que nos rodeava e por mais civilizado que fosse, o que se movia em mim era o desejo de me despir e roçar meus pêlos com os grãos da terra, tocar os troncos e me embevecer no néctar das flores.
          Tive vontade de compartilhar o que sentia, de ver nos olhos de meus iguais o espelho dos meus. Qual não foi minha emoção quando vi nos olhos dos mais próximos o olhar mais aberto - arregalado eu diria - e mais cego. Assim como eles eu agi, por muito tempo eu fui assim também, mas agora, que por um instante, parei para olhar, percebi o que eu era e não sou mais. Um medo me assolou velozmente, uma rajada de dúvida derrubou meu elmo e minhas pernas não souberam se iriam seguir nos sentidos da comitiva ou se iriam andar contra toda corrente, parei.
         Estacado no chão como uma árvore, fui tratado como tal, e não tardou para que um machado de Procrusto me acertasse o tronco, me levando ao chão. Consciente como um espectador silencioso eu percebi a comitiva passando sobre mim, essa sensação foi como trazer à lembrança a memória que nunca tive de não ter estado em Lethes. E divagando lucidamente sobre qual seria o número do calçado daqueles pés que me esmagavam, senti uma agulhada na base do pescoço, que estalou um choque em meu ombro direito, um pequeno escorpião com sua peçonha aguda havia me doado seu veneno e eu pude, depois de muito tempo, parar completamente.
          Silêncio e escuridão era o que havia, quando abri meus olhos ávidos da vulgar luz dos dias consumidos. Movi meu tronco, de pernas amputado, buscando desesperadamente algo conhecido, um lugar de conforto em que me apoiar, em vão. Nada daquilo fazia sentido para mim, eu era um nobre, um cavaleiro do rei, porque me amputaram, achataram e abandonaram?
         Devo ter perdido algumas horas criando teorias de conspiração em que todos eram culpados! Outras tantas criando desculpas santificadas que retiravam a culpa do mundo e colocava em mim - mea culpa – e quando o primeiro raio de sol tocou meus olhos e não se misturaram à lama que eu era, finalmente, me dei conta de que nisso tudo eu já não podia me apoiar, não havia amparo para mim. Nem lágrimas a chorar e ninguém que pudesse me ouvir, pois o veneno do escorpião anestesiara minha face e minha garganta. Era eu e apenas eu.

5 comentários:

Ricardo Marcelino disse...

A exposição de ideias bem esplanadas e mascarada em palavras mostra muito do que levas no interior e me parece ser belo. Esse modo todo poético de acobertar a transmissão da mensagem com palavras raras e ritmadas incentivam o leitor a cavar o texto com a análise do que se transmite surreal e isso é bom. São abertos tantos campos dignos de conversação que cada leitor deixa aqui um comentário a respeito de um determinado assunto... Eu não o farei, não me contento em expor um só comentário, com uma conversa, talvez. Enfim... Vejo aqui um pouco do universo de luz que reside em você.

P.S.: Desculpe-me qualquer erro ortográfico, percebi que atenta isso!

Anônimo disse...

Ah o silêncio! O anonimato, os sonhos, um Blog,o sono,a indolência, o coma...Como às vezes são bons e
necessários...Fazer de conta que o mundo real não existe, nos ausentarmos dele nem que seja por um curto período, olharmos a vida de cima, nos vestirmos de um personagem perfeito, sem deveres, responsabilidades ou dores...Até que nos apareça um Anjo envolto na mais bela Luz, e nos chame de volta à realidade, a esse planeta tão complicado e impregnado das idéias dos homens, onde é mais fácil falar do nosso desagrado com relação à tudo, do que falar de carinho,amor,meiguice,preces... sim, essas coisas parecem envergonharnos, são perigosas, podem nos ridicularizar, é mais seguro ficarmos na superfície...É aí sim, que sentimos o choque e a dor da aterrissagem nessa dura realidade, que nos mostra quem somos, nossos nomes, nossos semblantes, e indo ainda mais além...Nos fazendo ver que por mais que nos esforcemos para sermos bons, ainda temos uma parcela de crueldade e objetivos vís,sou portadora de mea culpa e culpa... carrego-as...Fica a pergunta: Haveria algo que pudessémos fazer? Me surgiu uma simples resposta para tão profunda indagação:Começar a dar o exemplo, sim isso, esse exemplo que você tem nos dado Alexandre ADAS, sendo sincero, puro e nobre, nos brindando com esse espaço para vulnerabilidades, falas e poesias tão lindas e inteligentes, que nos leva a refletir,"ver" a vida de uma forma diferente, muito obrigada, aproveito a oportunidade para, em retribuição a essa poesia tão especial e original que tem nos dado, também te deixar um singelo versinho:

POETA

Leia esses versos que te dou
Pois foi você quem me inspirou
São versos meus que também são teus
Os aprendi com você

Leia esses versos que te dou
Pois és um exemplo lindo
Poeta maravilhoso, Alexandre ADAS
SER sensível, inteligente e divino

Leia esses versos que te dou
Que não são belos como os teus
Mas a humildade em gratidão
Àquele que me por mim faz preces

Leia esses versos que te dou
Que são em retribuição ao ensino Que ofertas, onde é possível reunir inocência e sabedoria

Leia esses versos que te dou
Pelo Mestre que mostra aos seus discípulos, o poder da Magia,a força da chuva, e o amor pela
Natureza

Leia esses versos que te dou
Mas não os veja como um crítico
E SIM como o Anjo que és

A.Anônimo

Anônimo disse...

Enquanto nosso GuerreiroSábioEscritor na vida real não está tendo tempo sequer de parar para se reconhecer, e muito menos concluir um texto ou uma tapeçaria, Penélope como leitora assídua, enquanto espera, desmancha e refaz sua colcha vai ficando cada vez mais curiosa com relação ao desfecho de tão empolgante aventura, pergunta:

* Conseguirá nosso Guerreiro sobreviver ao veneno do escorpião?

* Ao chegar à floresta a comitiva perceberá a ausência do Guerreiro e alguém voltará para procurá-lo?

* Será que em determinado momento alguém precisará de conselhos inteligentes, e voltará em busca do Sábio?

* Ou ainda: Será que todas essas fatalidades aconteceram de verdade na vida de nosso herói, ou foi apenas um pesadelo?



-Lindo conto esse seu ADAS, porém muito difícil de interpretar, já pensei em vários sentidos, às vezes penso: Será que esse escorpião representa as dificuldades que temos em nossas vidas? ou ainda essa comitiva que passa sobre o Guerreiro tão indiferente, não seria a insensibilidade e a massificação a qual somos submetidos diariamente? Não sei, só sei que AMO metáforas, elas me obrigam a raciocinar e refletir sobre à vida, e essas em especial me inspiraram inclusive à fazer um versinho singelo em sua homenagem:


METÁFORAS

Você e suas metáforas ADAS
Nos leva por todo o mundo
Ainda que não saiamos do lugar

Você e suas metáforas
Coloca nos nossos lábios um sorriso
Ainda que estejamos tristes

Você e suas metáforas
Nos desperta a vontade de viver
Ainda que a vida seja dura

Metáforas lindas, sensíveis, profundas
Você faz a diferença no mundo
Que agradece a sua existência.


Bom, Penélope continua a esperar ansiosa os próximos capítulos dessa emocionante história, e como não é de ficar parada, já pensa em ouvir várias especulações, que passam de boca em boca, sussurradas pelos corredores do Castelo, a mais interessante e surreal de todas, diz respeito à Rainha que, pasmem... bom, alguém contou em segredo que, como as desventuras do Sábio aconteceram no início da partida, inclusive seu elmo fora encontrado bem próximo ao Castelo, a Rainha logo ficou sabendo e resolveu tomar a seguinte atitude...

Anônimo disse...

Desde o ano passado, munido de minha capa, espada e cavalo, caminho de volta ao castelo, sozinho, fazendo essa jornada, procuro esvaziar meu coração, deixá-lo sempre leve, até para me proteger e evitar maus presságios, ainda assim, às vezes, minha humanidade se torna insuportável e penso, penso sim : O que será que me trará o futuro? O que os Deuses têm preparado para mim bem lá na frente? Então mesmo sem acreditar em um tempo linear, tento fazer como os historiadores e olho para o nosso passado, procurando fazer uma leitura do futuro e procuro em meu alforge os profícuos pergaminhos que ela me escreveu, escolho um deles aleatoriamente, e o releio, fazendo de conta que é um oráculo. Hoje mesmo ao amanhecer, revi o escarlate, a tradução veio em minha mente como um raio de luz, escrito bem claro, era uma espécie de poema/agradecimento, sem rimas, bem simples, que se referia à mim mesmo em uma época, em que ela estivera fraca e eu cuidei-a, aconselhei-a... E o que para mim não foi nada, pois o fiz espontaneamente, vejo agora o quanto foi importante na vida de um ser humano que, sequer acreditava ser um... Segue o pergaminho escarlate:

GRATIDÃO
Nesse dia eu quero apenas agradecer
Aquele que me ouviu sobre o Merlin
Escutou a minha incerteza
E não se negou em responder

Nesse dia eu quero apenas agradecer
Aquele que me aconselha
Me doa conhecimentos
E me faz tão lindos escritos

Nesse dia eu quero apenas agradecer
Aquele que me inspira nas viagens
Me indica boas literaturas
E o livre caminho da magia

Nesse dia eu quero apenas agradecer
Aquele Sábio, Nagual, Guerreiro, Xamã
Peregrino, Mestre,SirAlexandre ADAS
Por me manter em suas preces

Nesse dia quero eu apenas elogiar
Aquele que é uma exemplo lindo
Perfumado de folhas e flores delicadas
SER sensível, inteligente, fascinante e divino.
A. Anônimo

Anônimo disse...

Mais adiante, quando cheguei perto de Eishoji, também conhecido como " Vale dos Dragões" mesmo já tendo passado várias vezes por lá, algumas delas ainda quando era apenas uma criança, um certo medo me assolou, uma rajada de dúvidas me fizeram hesitar, será que os Dragões ainda lembravam de mim? Antes para mim fora fácil lidar com eles, mas e agora? E como um homem já despido da inocência de criança, procurei dentro de mim a coragem, lembrando-me de sua fala, naquele dia em meu quarto: " Lembre-se querido Sábio, és belo, poderoso e sempre consegues chegar aonde queres" Então recorri a mais um dos seus pergaminhos, esse me soou como um mantra de elogio, era um que ela havia me prometido falar em alto e bom som para todos os povos que habitavam aquelas terras. E assim estava escrito no pergaminho prateado:

COMO PODE?

Como pode um Guerreiro
Ser tão delicado e
Um Gênio de olhos implacáveis
Ser tão inocente?

Como pode um Guardião
Ter voz angelical e
Ser sensível e meigo?

Como podeu Nagual
Amar os seres os fascinar e
Também se encantar?

Como pode um Anjo
Ser valente e poderoso
E ainda assim modesto?

Como pode um Sábio
Ensinar de graça
E distribuir amor?

Como pode um Menino
Ser tão verdadeiro, inteligente
Sincero e espalhar por onde passa
As coisas essenciais à Vida?

A. Anônimo